A exploração animal e o seu impacto ambiental 🌱🐮


Cuidado com a Casa Comum: 
A exploração animal e o seu impacto ambiental 

O Cântico das Criaturas inspira ao cuidado com todos os seres viventes: “Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas”. Diante disso, quando se fala em cuidar do Planeta, na maioria das vezes limitam-se em cuidados paliativos, mas isso não é suficiente. Sem o intuito de diminuir essa atenção, devemos ampliar os cuidados com formas mais efetivas e que estão em ligação direta com as causas de degradação da Casa Comum. 

É nesse sentido que, alegremente, compreende-se a importância da redução ou retirada completa da carne da alimentação. Afinal, como franciscanos e franciscanas devemos procurar ser irmão e irmã de todas as criaturas. Sabemos que, embora procuremos alcançar esse objetivo, na maioria das vezes não o abraçamos por completo. 

Como viver a fraternidade universal de forma mais consistente?
 
A opção que será apresentada constitui na retirada gradual da carne na alimentação, compreensão do impacto ambiental e cuidado e o amor pelos animais.

De início, é importante compreendermos que a produção pecuária e o agronegócio têm ligação direta com os processos de devastação do meio ambiente. Tristemente, estas constituem-se pelo uso intensivo de água na produção de carnes para o abate e consumo humano. A saber, um típico e bem-nutrido consumidor de carne demanda indiretamente mais de 3.800 litros de água a cada dia e com isso pode-se pensar na quantidade de água que se desperdiça ao longo de sete dias na semana. 

Outro aspecto a ser observado é que o consumo de carne ajuda na degradação da casa comum em razão de que os rebanhos de gados que crescem no Brasil de forma intensa vão em direção a floresta tropical Amazônia. Segundo o relatório da Procuradoria do Meio Ambiente do Ministério Público Federal, o desmatamento da região representava apenas 1% na década de 1970. No entanto, a destruição da floresta acompanhou a evolução do rebanho bovino na Amazônia, que passou de 47 milhões de animais em 2000 para cerca de 85 milhões atualmente. Quase 40% das 215 milhões de cabeça de gado do país pastam em áreas amazônicas. Logo, o consumo de carne tem impacto direto no meio ambiente. 

Outrossim, sabe-se que a maioria das pessoas adoram ter animais domésticos, os famosos “pets”, esses que fazem a alegria de casas, famílias. Infelizmente, compreende-se que não são todos os animais que gozam do amor familiar, muitos são mortos em abatedouros de forma cruel. Há pessoas que vão dizer que amam os animais, contudo que amor é esse que mata? Como amar alguns seres vivos, mas ser conivente com a morte de outros?  Os animais utilizados para consumo (porcos, vacas, galinhas) são seres sencientes capazes de sofrer e sentir alegria e que, portanto, merecem respeito e consideração moral, não se pode enxergar meramente como objeto a dispor dos seres humanos. 

Apesar da imagem geralmente divulgada ao público de “fazendas felizes”, não é isso o que realmente ocorre na esmagadora maioria dos casos. As atuais granjas industriais, onde são criados mais de 90% dos animais ditos “de produção”, mais se parecem com fábricas – a diferença é que as “máquinas” são os próprios animais, explorados e utilizados como se fossem qualquer objeto inanimado. 

Por exemplo, os frangos ditos “de corte” vivem cerca de 40 dias em ritmo acelerado com modificações genéticas e rações específicas, atingem peso aproximadamente 2,5 kg e são levados ao abate. E essas formas de exploração animal se estendem aos porcos os quais são colocados em espaços pequenos para reprodução, os bois e as vacas mesmo que criados de forma extensiva o destino final será sempre o abate, depois do processo de engorda à base ração. Ainda podemos citar a produção de leite de vaca que ocorre em confinamento e extração mecânica e mais o processo de inseminação das vacas e a retirada dos filhotes em poucos dias após o parto. 

Por conseguinte, enxerga-se a necessidade da retirada da carne como forma alimentar, essa cultura que começa a ser questionada em âmbito social se expande ao ambiente espiritual, pois como ser irmão de todas as criaturas se ainda nos alimentamos de animais? É impossível ocorrer o respeito e amor por animais enquanto se enxergar como alimento. Ao contrário disso, deve-se ver como irmãos. 

Considere tornar-se vegetariano: seja pelos animais, pelo planeta e por você mesmo.



Aislan Soares Viçosa 
Secretário Regional de Formação/RS 

Fontes: 

Comentários

RF disse…
Que texto lindoooo... Que alegria perceber nessa forma de vida o cuidado com os irmãos e irmãs, com o consumo de água. Sim, temos muito o que melhorar, mas cada vez mais o planeta grita, o nosso corpo grita, nossa consciência grita. É saudável questionar a forma que vivemos. 😍
Debate necessário. Texto reflexivo! Nos ajuda a pensarmos dentro do prisma do Evangelho, das Fontes Franciscanas, da Laudato Si e de vários outros texto, como por exemplo, os da linha da Ecoteologia. Fora deste prisma e abertura sincera ao diálogo respeitoso, não se alcançará um fraternismo maduro sobre preferido assunto.


Sou referência franciscana e pastoral aqui na Amazônia, e por isso, percebo que o debate sobre os impactos das grandes fazendas é urgente. Se a conversão pessoal não ocorre, não haverá conversão social. Cabe a consciência de cada uma e cada um ponderá sua opção evangélica e se estiverem dispostos ao diálogo sobre o tema precisam fazer o dever de casa, ou seja, revisitar o Evangelho a luz do magistério da Igreja que nos aponta caminhos de conversão ecológica. Questionar-se sobre o sistema econômica e práticas sociais da globalização da indiferença. Ser vegetariano(a) é uma das opções... mas, há também do simples jejum de carne que a Igreja nos orienta, ser um bom cristão é o primeiro passos para ser um bom Francisclariano. Parabéns JUFRA do Brasil. E vamos aguardar o texto 02. Estamos sedentos da verdade de mãos dadas com o amor, da justiça irmanada com a caridade. Paz e bem!

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