Advento: é tempo e exultar!




Alegrai-vos! Este é o sentimento que deve transbordar em nossos corações neste 3º domingo do Advento: a alegria! O Senhor está próximo e quer encontrar abrigo dentro de nós. Na primeira leitura, do livro do profeta Isaías (35,1-6a.10), o escritor sagrado ordena que “alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio [...] seus habitantes verão a glória do Senhor”. 
Esta deve ser a maior alegria para todos nós: poderemos ver a glória do Senhor, nosso Deus amado! Não pode mais haver solidão para aqueles que amam a Deus, pois ele rasga o céu para se tornar um como nós; Deus quer ser menino! Parece uma loucura ao nosso entendimento, mas Deus é aquele que confunde os sábios e entendidos (cf. I Cor 1,27), para revelar o seu plano de amor aos pequenos e simples. Deus quer estar no meio de nós; a solidão não encontra lugar, e a felicidade plena pode agora florescer!

                Neste tempo de Advento, preparando-nos para celebrar o Natal do Senhor, devemos nos perguntar como está a terra do nosso coração. Se era deserta, permitamo-nos que seja agora uma terra fértil, onde possa brotar o amor, que veio até nós na pobre manjedoura de Belém. É alegria porque “se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos” (Is 35,5-6a), o povo antes excluído, agora pode festejar, pois o Senhor veio habitar no meio dos pobres, para lhes devolver a dignidade que tantos tiveram prazer em lhes tirar. Deus é justiça, e para defender os seus pobres se vinga (cf. Is 35,4), pois eles são seus preferidos. Atentar contra o pobre é atentar contra o próprio Deus, que fez-se pobre e simples no mistério da sua encarnação.

                Neste Natal façamos a experiência que viveu o nosso Pai Francisco, desejando estar presente para contemplar o nascimento de Deus em nosso meio, profundamente reclinado sobre a mística que o envolvia ao recriar a cena da lapinha de Belém, sentiu tanto sabor por estar ali, tão longe, mas tão perto, que ao pronunciar as palavras “menino de Belém” experimentava nos lábios a doçura dessas palavras (cf. 1 Celano 84-87) e isso era suficiente para que o coração de Francisco transbordasse de alegria. Contemplar e saborear a doçura do Deus que se faz pobre e frágil como uma criança recém-nascida, de fato, quebra nossas expectativas de um Deus alheio ao seu povo.

                Que a simplicidade e a extrema pobreza da noite que consideramos a noite mais linda de todos os tempos apague em nós o desejo de grandeza e os resquícios de ganância que teimamos em trazer conosco. Os maiores presentes que podemos oferecê-lo são a nossa força e protagonismo de jovens para que tantas pessoas hoje não sejam abandonadas e discriminadas quando nos pedem socorro ou mesmo um pouco de atenção. Tenho certeza que o nosso coração é grande o suficiente para acolher aqueles que o mundo rejeita, como fez com a família sagrada de Nazaré. Não nos sentemos à nossa mesa para a ceia, sabendo que há alguém à nossa porta com fome, ou mesmo com falta de esperança; se nos falta a consciência do cuidado pelo outro, o Natal será apenas mais um dia mesquinho como todos os outros que vivemos na nossa “vidinha” medíocre, e a flor que deveria brotar em nosso coração, não passará de mais um espinho que será colocado futuramente na cabeça do homem-Deus que essa criança se tornará daqui há 30 e poucos anos.

Frei Henrique Santos - OFMCap.

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