Carta por ocasião da Semana Santa e da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo
Carta por ocasião da Semana Santa e da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo
“O Amor não é amado! Como os homens podem amar uns aos outros e não amar o Amor?”
São Francisco de Assis
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2019.
Paz e bem, irmãos e irmãs da OFS e da JUFRA do Brasil!
É com grande amor e fé que somos chamados a viver a experiência desta Semana Santa do ano de
2019! Essa ocasião é momento propício de recolhimento, conversão, amadurecimento da fé e
abertura para o diálogo com Deus, com Sua Igreja e com a sociedade, recordando, de modo
especial, os 800 anos do encontro e conversa entre Francisco e o Sultão, sinal concreto da crença e
vivência do Evangelho de Jesus Cristo.
Para nós, franciscanos seculares, a Semana Santa é especial por diversos motivos. O primeiro deles
é que ela nos recorda o “sim” de Santa Clara, representado por seu gesto corajoso no Domingo de
Ramos de 1212, renunciando a uma vida de luxo e riqueza, abrindo mão de seus ricos
trajes pela túnica áspera, tomando como escolha de vida seguir a Jesus, assumindo a
simplicidade, a pobreza e o despojamento, como decidira viver Francisco de Assis.
O caminho de vida abraçado pelos santos de Assis nos é apresentado na Quinta-feira, no gesto do
Lava-pés e da instituição da Eucaristia. Contrariando toda a vaidade e desejo de poder que
permeiam a história da civilização, Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (João 1, 14),
lava os pés daqueles que o seguem, demonstrado seu amor por cada um e colocando a humildade e
o serviço como aspectos centrais de sua mensagem. Na Última Ceia, Jesus oferece Seu Corpo e
Sangue ao Pai e o entrega aos seus apóstolos, concretizando sua permanência entre nós, nos
encorajando a nos reunirmos e, recordando d'Ele, continuarmos a construção de um Reino de justiça
e paz.
Na Sexta-feira recordamos a imensurável dor da morte de Cristo no Calvário. Para Francisco, este
aspecto da vida do Mestre só é compreensível pela ótica do amor. De acordo com um antigo escrito
franciscano, intitulado “Considerações sobre os Sacrossantos Estigmas”, enquanto estava no
Alverne, o Pobrezinho de Assis dirigiu a seguinte oração a Jesus: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas
graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no
corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora de tua arcebíssima
paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do
qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós
pecadores”. Francisco abraçou o Evangelho de tal maneira que levava Jesus não apenas na sua
boca, mas nos seus olhos, ouvidos, membros e coração. Ao fazer isto, com seu testemunho de vida,
nos mostra a necessidade de nos afartamos da vivência infantil da fé. Sua experiência de passar do
Evangelho à vida e da vida ao Evangelho nos desafia a enxergar a relação entre a Paixão de Cristo e
sua vivência diária entre os pobres, pescadores, pecadores, iletrados, prostituras e demais
marginalizados de seu tempo, sendo um convite para nós, cristão e franciscanos, tomarmos nossa
cruz e sermos presença amorosa e integradora na vida dos excluídos, reforçando a opção
preferencial pelos pobres, assumida por nossa Igreja.
No Sábado Santo permanecemos meditando a Paixão e Morte de Cristo. Neste momento,
recordamos que Ele desceu à mansão dos mortos. Aguardamos com as lâmpadas acesas, como
quem espera alguém chegar. Esta espera, em oração e jejum, serenidade e simplicidade, esperança e
confiança, nos recorda a sabedoria e sobriedade necessárias para passar pelas trevas, atravessadas
por Jesus nesse período. Os desafios se apresentam em nossa vida familiar, profissional, pessoal,
nos diversos aspectos de nossas vida, e, também, em fraternidade. Jesus, a luz de todo que Nele crê,
nos guia pelas trevas e nos indica o caminho da terra prometida e da vida eterna.
O Domingo é o dia mais importante para os cristãos, pois celebramos a Páscoa, que, em hebreu,
significa passagem da escravidão para a liberdade. Com a ressureição de Cristo temos a destruição
da morte e a confirmação da plenitude e eternidade da vida, dada a cada um de nós através do Amor
Divino e da misericórdia do Pai.
Que, através da celebração da Páscoa, façamos morrer tudo o que faz mal a nós e a nossos irmãos e,
a exemplo de Francisco e Clara, abraçando o Amor que não é amado, sejamos novos homens e
mulheres, que levam esperança, verdade e libertação.
Uma Santa, Abençoada e Feliz Páscoa a todos!
Fraternalmente,
Maria José Coelho | Ministra Nacional da OFS
Comentários
Parabéns pela belíssima mensagem. Agradecemos de coração por partilharem dela conosco!
Agradeceria se tivesse uma versão em PDF que possamos baixar pra imprimir.
Grande abraço. E que Deus abençoe a missão de todos vocês!