DENUNCIADO NA ONU O DESMANTELAMENTO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Um relatório elaborado por uma coalizão de organizações foi entregue hoje, 5, ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça. O documento aborda o desmantelamento dos direitos sociais e das políticas públicas no país desencadeado pelo governo do presidente Michel Temer, que assumiu o cargo após o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, incidindo diretamente sobre a rede de segurança e a garantia de recursos para implementação de um sistema de direitos humanos voltado, especialmente, aos segmentos mais vulneráveis da população.
Por meio da
iniciativa, a CONFERÊNCIA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL (CFFB), A
COMISSÃO BRASILEIRA DE JUSTIÇA E PAZ (CBJP), A CÁRITAS BRASILEIRA, A COMISSÃO
PASTORAL DA TERRA (CPT) E O SERVIÇO INTERFRANCISCANO DE JUSTIÇA, PAZ E ECOLOGIA
(SINFRAJUPE) esperam contribuir com o terceiro ciclo do processo da
Revisão Periódica Universal (URP), que ocorrerá em 2017, durante a 27ª sessão
do Conselho de Direitos Humanos da ONU. A última vez em que o Brasil foi
submetido à URP foi em 2012.
Os principais
dados que embasam o relatório são a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
241/2016 e o Projeto de Lei do Orçamento 2017, que confrontam garantias
presentes na Constituição Federal de 1988.
A PEC 241/2016,
que tramita no Congresso Nacional, limita os gastos públicos, introduzindo um
novo regime fiscal para os próximos 20 anos, e estabelece um limite máximo, a
cada ano, para as despesas primárias globais aplicáveis ao Executivo e demais
setores do governo federal. As entidades que protocolaram o documento veem os
limites com grande preocupação, uma vez que os cortes tendem a ser aplicados em
programas sociais e serviços públicos essenciais, prejudicando o gozo dos
direitos humanos, em especial, dos grupos mais marginalizados e
desfavorecidos.
Se aprovada, a PEC
241 poderá, por exemplo, promover o desmonte material do Sistema Único de Saúde
(SUS), com a fixação do financiamento do sistema pelo governo federal, sem
considerar aspectos como crescimento da população, comportamento da curva
etária e presença de novas epidemias.
Tal perspectiva já
se comprova ao analisar o orçamento aprovado para 2017, que prevê cortes
bilionários de recursos para setores como habitação popular, desenvolvimento
regional, reforma agrária, entre outros. O documento cita o programa de moradia
digna, que teve, em termos absolutos, o maior corte na proposta de orçamento,
equivalente a R$ 8,14 bilhões, representando uma redução de 51% com relação ao
ano anterior.
Com base nas
informações, as entidades fazem recomendações ao Estado brasileiro no sentido
de que sejam observadas as garantias constitucionais e que se mantenha o
progresso já conquistado na proteção social, bem como a consolidação
institucional, política e o quadro jurídico que proporcionou tais avanços, com
base no diálogo democrático e com a participação da sociedade civil
organizada.
Por
Gabriel Moreira
Secretário de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação
Regional Sudeste I - MG
Regional Sudeste I - MG
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