JUFRA do Brasil no Capítulo Internacional da OFS


Grande encontro em Aparecida reúne Capitulares e Fraternidade nacional da OFS

Moacir Beggo

Um dia de celebrações e partilha. Foi assim que, bem cedo, caravanas das fraternidades da Ordem Franciscana Secular de todo o Brasil seguiram para Aparecida, onde teve início, às 10 horas, um encontro histórico que reuniu a Fraternidade Internacional (112 países), a Fraternidade Nacional da OFS e a Juventude Franciscana do Brasil (Jufra). O evento marcou pelo encontro dos irmãos e irmãs da OFS do Brasil com a Ministra Geral da OFS, Encarnación del Pozo, e os representantes de 112 fraternidades de todo mundo presentes no Capítulo Geral da OFS, que teve início neste sábado com uma celebração presidida pelo Cardeal Dom Odilo Scherer. Ao meio-dia, todos se dirigiram para a Basílica, onde participaram de Missa de Ação de Graças, presidida pelo ex-Provincial da Imaculada Conceição, D. Caetano Ferrari, bispo de Bauru. À tarde, cada fraternidade retornou para suas casas e os capitulares fizeram mais um encontro, desta vez com as Irmãs Clarissas, na Fazenda Esperança, Guaratinguetá, celebrando os 800 anos de fundação da Segunda Ordem.

Como disse Amando Trujillo, presidente da Conferência dos Assistentes Espirituais Gerais da OFS e da Jufra, os capitulares saíram mais fortalecidos de Aparecida e Guaratinguetá para trabalhar "arduamente no Capítulo", até o dia 29, data do seu encerramento. "Parabenizamos a todos por esse testemunho de vida cristã e franciscana nesta manhã e nos animamos a perseverar e a crescer na resposta de fé, pois o povo de Deus espera muito da família franciscana, porque muito temos recebido do Senhor. Voltaremos mais fortes para o Capítulo", disse.

O encontro marcou pela expressiva presença da Primeira Ordem. Frades Menores, Capuchinhos e Conventuais se juntaram aos irmãos e irmãs da OFS e aos jovens da Jufra para celebrar este momento. Entre eles, os assistentes do Brasil, Frei Almir Guimarães, da OFS, e Frei Miguel da Cruz, da Jufra. Já Frei Alberto Beckhäuser, que durante 20 anos acompanhou a OFS, estava feliz de ver tantos irmãos da Primeira Ordem reunidos com a Terceira Ordem. O franciscano Dom Caetano presidiu a celebração e teve como concelebrantes os bispos Dom Fernando Mazon, de Piracicaba, e Dom João Mamede, de Umuarama (PR). Mas como ninguém é de ferro, o alimento material veio de forma muito fraterna e acolhedora do Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá. O guardião Frei Daniel Dellandrea mobilizou uma equipe de religiosas, seminaristas e funcionários para oferecer um grande almoço a mais de 200 pessoas.

A presença da Jufra

O secretário nacional da Jufra, Alex Batos, deu sua mensagem aos capitulares e falou da alegria dos brasileiros em recebê-los para um Capítulo Geral que se realiza pela primeira vez na América Latina. Falou da grande expectativa que cerca os jovens, com os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e com a celebração dos 40 anos da Jufra do Brasil, no próximo final de semana, em Aparecida. "De norte a sul, neste país, tem uma juventude franciscana que vibra, que se alegra, que não é o futuro da OFS, de vocês, mas é presença na vida da OFS", enfatizou, convidando os capitulares para conhecer "a nossa terra e o nosso povo, que tanto ama Francisco e Clara".

A Ministra Geral

Como era de se esperar, a Ministra Geral, a espanhola Encarnación del Pozo, foi ovacionada na chegada ao anfiteatro em frente à Basílica de Aparecida. Esta é a terceira vez que vem ao Brasil, mas foi a primeira vez que pisou no solo brasileiro para presidir um Capítulo Geral da OFS. A representante dos países de língua portuguesa no Conselho Internacional da OFS, Maria Aparecida Crepaldi, fez as apresentações dos conselheiros internacionais e da Ministra Geral e o ministro nacional da OFS, Antonio Benedito de Jesus da Silva Bitencourt, acolheu a todos e agradeceu pela resposta das fraternidades ao chamado de estarem presentes em Aparecida.

Encarnación foi reeleita para presidência do Conselho Internacional da OFS em 2008. Para ela, este encontro foi "um momento de graça que o Senhor nos ofereceu para trocarmos gestos de verdadeiro amor fraternal, para orarmos juntos e compartilharmos este momento transcendente de nossa vida cristã e franciscana: a Eucaristia".

Para a Ministra Geral, a expectativa diante do Capítulo Geral que se inicia é de "uma comunhão fraterna para nos responsabilizarmos da missão que primeiro temos de nos evangelizarmos para depois ajudar a evangelizar nossos irmãos e irãs em todo o mundo". Encarnación se referia ao tema central do Capítulo: "Evangelizados para Evangelizar". "Esse tema pede que todos devemos buscar uma conversão verdadeira ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. É importante tomar este aspecto de nossa vida com muita seriedade, com o coração apaixonado pelo Evangelho e por Nosso Senhor, para que possamos ser para o mundo como um grão de mostarda que se torna uma grande árvore; ser luz para o mundo; ser sal para dar sabor à sociedade de nosso tempo".

Segundo a Ministra Geral, a OFS precisa ser uma presença profética, assim como a Jufra. "Para que nós não estejamos satisfeitos com nossas atitudes, com nossas obras, porque sempre é possível dar um passo adiante. Um passo que rompa com nosso imobilismo. Devemos estar em movimento contínuo, como nossa Mãe. Ser profeta é estar sempre em movimento", admoestou.

Para ela, as ferramentas que os franciscanos (as) seculares têm em suas mãos para difundir o Reino de Deus são simples. "A fé e o amor, a renúncia, a misericórdia a todas as pessoas que estão próximas, a conversão, o respeito mútuo, a aceitação à diversidade, a correção fraterna, o desempenho verdadeiramente apaixonado por nossas obrigações. Tudo isso acrescido de alegria e entusiasmo, como é próprio do nosso ser franciscano", acrescentou.

E completou citando Francisco de Assis e Santa Clara como "exemplos luminosos" para guiar os franciscanos seculares no caminho até Nosso Pai. "Eles são modelos e mestres para nos preparar e nos lançar com conversão a uma ação decidida pelo Evangelho", completou.

Segundo Encarnación, a OFS tem hoje no mundo cerca de 300 mil membros, e vive uma situação contrastante: na Europa está em crise e no sudeste asiático, especialmente na África, cresce a passos largos. "É uma transformação muito intensa, mas temos que ser prudentes e levar em conta essas culturas", observou.

O franciscano D. Caetano

D. Caetano lembrou que, a exemplo de Francisco de Assis, os Capítulares buscaram a intercessão da Mãe de Deus para o bom êxito do Capítulo. "Com Maria, queremos entrar em comunhão convosco para o sucesso do Capítulo Geral. Tenho alegria de ser portador da CNBB, e seu presidente Dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida e terceiro franciscano desde os tempos do Seminário que fez em Mariana, e também de seu vice-presidente, Dom José Belizário, arcebispo de São Luís, e de seu secretário geral, Dom Leonardo Steiner, também franciscanos. Em nome deste episcopado, trago as palavras de boas vindas a Aparecida", informou.

Na sua homilia, falou do amor, o mandamento maior do Evangelho deste domingo. "Refletindo, eu vos pergunto: Não está aqui o essencial da vida cristã? O amor a Deus e ao próximo, preferencialmente aos pobres? Não é este o segredo e o legado de São Francisco e Santa Clara? Não nos mostraram eles que o Amor não era Amado? Seja em relação a Deus e aos pobres e que a Igreja precisava ser reconstruída por dentro, no fundo, no amor, para ser a casa acolhedora de todos homens e mulheres? Atualizando às nossas necessidades, não é este o apelo num mundo contrastante e paradoxal em que vivemos, sem Deus, secular, ateu entre as classes superiores desta sociedade e de uma profunda interioridade religiosa entre as classes inferiores, dos pobres e abandonados, que se deixam seduzir por falsos profetas nesta grande feira de igrejas e religiões, ao menos na América Latina?".

D. Caetano citou João Paulo II para lembrar a frase que se tornou histórica quando esteve no Monte Alverne: "Francisco, o mundo precisa de Ti". E o bispo de Bauru perguntou: "Não estamos precisando de Francisco? Precisamos, então, hoje, dos franciscanos e franciscanas para nos ajudar a amar a Deus e ao próximo e, com amor preferencial aos pobres, para nos auxiliarem a vivermos em comunhão e multiplicarmos pequenas comunidades de vida e oração entre as nossas extensas e populosas comunidades eclesiais e a ser Igreja evangelizadora e missionária ao serviço da vida plena para todos", completou.



Fonte: www.franciscanos.org

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