JUFRA, Pastorais Sociais e Entidades Eclesiais emitem Nota de Apoio à Retirada das Tropas Brasileiras do Haiti

A ocupação militar da Minustah, a título de promover a estabilização, converte-se em presença opressora e, portanto, espoliadora. O povo desassistido e oprimido do Haiti não precisa de tropas militares, de intervenção bélica, policiamento, mas sim de ser exonerado do ilegal e ilegítimo endividamento externo mantido para o lucro do sistema financeiro internacional especulativo. Além da dívida contemporânea, existe a dívida história: 45% da dívida externa atualmente paga pelo povo haitiano foram contraídos durante as ditaduras da família Duvalier.
A Comunidade internacional não pode, sob pena de abdicar da própria humanidade, ignorar os extremos sofrimentos dos haitianos, submetidos às exigências mutiladoras dos interesses financeiros globalizados, suportando com a fome – como demonstraram as recentes mobilizações - e o desemprego, apesar disso, o terror militarizado, onde a opressão, os tiros, as armas, a morte substituem o que deveria ser feito: efetiva solidariedade mediante apoio econômico, técnico, socioambiental e cultural para que o país possa se reconstruir, também após o avassalador terremoto de janeiro de 2010.
O Haiti carece, antes de tudo, de apoio técnico para sua agricultura, médicos para sua população, e de implantação internacional de projetos sociais de saúde, saneamento, educação e pleno emprego, que estimulem em curto prazo sua emancipação.
O Haiti é integrado por um povo especial, por ser historicamente objeto das opressões e, com sua luta, haver sido o autor de sua própria independência. Pois essa força única do povo haitiano nunca será ameaça a outros povos, mas sim elemento básico de sua emancipação, reconstrução e, portanto, partícipe da convivência internacional equitativa. O Haiti exige nosso apoio e solidariedade - é nossa responsabilidade.
Pelo exposto, APOIAMOS o posicionamento público do atual Ministro da Defesa, Celso Amorim, de que o governo brasileiro deve iniciar um imediato processo para a retirada das tropas brasileiras do Haiti.
Com este gesto, ratificamos a posição dos movimentos sociais brasileiros, que desde 2004 se posicionam e pressionam o governo brasileiro e a ONU pela retirada das tropas militares do país caribenho.
Haiti: Livre e Soberano! Renascido das cinzas!
Subscrevem:
Jubileu Sul Brasil / Conselho Indigenista Missionário-CIMI / Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social / Assembleia Popular Nacional / Movimento dos Atingidos por Barragens–MAB / Grito dos/as Excluídos/as Nacional / Serviço Pastoral dos Migrantes–SPM / Instituto de Formação Humana e Educação Popular–IFHEP / Cáritas Brasileira–Regional de MG / Rede de Educação Cidadã Nacional–RECID / Pastoral da Mulher Marginalizada–PMM / Pastoral Operária Nacional–PO / Pastoral da Sobriedade / Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP / Pastoral da Saúde Nacional / Pastorais Sociais do Regional Noroeste / Pastoral do Povo da Rua / Comissão Pastoral da Terra–CPT / Pastorais Sociais/CNBB / Juventude Franciscana–JUFRA / Conferência Nacional dos Religiosos Nacional–CRB / Pastoral da Pessoa Idoso Nacional / Centro Burnier de Fé e Político do Mato Grosso / Cáritas Brasileira Regional Nordeste de BA e SE / Instituto de Política Alternativa para o Cone Sul–PACS / Instituto Brasileiro de Desenvolvimento – IBRADES
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