SETEMBRO/2014: A IGREJA CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS CRISTÃOS DURANTE AS ELEIÇÕES
CONFERÊNCIA
NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão
Episcopal Pastoral para a Juventude
Brasília,
1o de Setembro de 2014.
Caros
párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
Eu vim para que
tenham vida, e a tenham em abundância”
(Jo 10,10)
Jesus
Cristo vem ao nosso meio para resgatar, libertar, potencializar, defender a
vida. O Deus da Vida que não suporta ver seus filhos na miséria, injustiçados,
explorados, marginalizados, violentados nos convoca a um mutirão. Se a missão
do Mestre é esta de servir ao Pai nos irmãos, a nossa, seus seguidores, não
poderia ser diferente! (Jo 13,14-15). Setembro: mês da Bíblia no mês da
Primavera, recordando-nos que o Criador sempre está nos recriando em seu amor e
nos convocando à missão de florir de sentido a vida dos irmãos.
“Obrigado
por me devolverem a vida!”, foi o que testemunhou uma jovem aos fundadores da
Fazenda da Esperança, no 15o ano de sua instalação na cidade de Rio Brilhante,
MS. As suas lágrimas de emoção se misturavam com uma grande ação de graças pelo
serviço da Igreja no processo de sua libertação e resgate do sentido da vida. À
semelhança desta magnifica obra de Deus, tantas outras têm se dedicado a
“devolver” a vida aos adolescentes e jovens, como a primavera que anualmente se
renova em flor. A vida, criada e acompanhada pelo Criador, clama, mais do que
nunca, pela defesa das novas gerações e pelo cultivo de seus valores.
O
serviço de evangelização da juventude, além de proporcionar condições para a
formação integral dos jovens em suas várias dimensões, conta, também, com ações
pontuais e proféticas da instituição eclesial na luta pela garantia dos
direitos básicos das juventudes. A presença qualificada da Igreja na sociedade
sugere, cobra, acompanha e defende projetos favoráveis aos jovens. “Frente à
situação de extrema vulnerabilidade a que está submetida a maioria dos jovens
brasileiros, é necessária uma firme atuação de todos os segmentos da Igreja no
sentido de garantir o direito dos jovens à vida digna e ao pleno
desenvolvimento de suas potencialidades. Isso se desdobra e concretiza no
direito à educação, ao trabalho e à renda, à cultura e ao lazer, à segurança, à
assistência social à saúde e à participação social” (Doc. 85 CNBB, n. 230).
O
Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, ocorrido em dezembro
passado à luz do Documento 85 da CNBB, ao se referir sobre a 8ª. Linha de Ação
– DIREITO À VIDA – definiu, assim, para os próximos anos, as duas PISTAS DE
AÇÃO:
1.
articular ações contra as violências que atentam ao direito à vida da
juventude;
2.
estimular a inserção da Igreja nos conselhos de direito e nos espaços de
decisão política, em todas as suas instâncias.
Essas
duas pistas de ação são bem claras e desafiadoras. A primeira nos remete para a
necessidade de detectar e combater as diversas formas de violência contra a
juventude. E a segunda, nos convoca a assumirmos os diversos espaços
privilegiados de intervenção em vista daquelas políticas públicas consonantes
com os princípios e as orientações da Igreja, a favor dos jovens.
Estamos
às portas das eleições e o cristão deve estar atento para levar ao poder
aqueles e aquelas que realmente estão comprometidos com a defesa da vida de
todos os cidadãos, desde a sua concepção natural. Deus nos livre de candidatos
e partidos que defendem, explícita ou implicitamente, temas destruidores da
vida das novas gerações, como, por exemplo: o aborto, os métodos repressivos de
combate à violência, a redução da maioridade penal, a liberação da maconha, a
licenciosidade sexual, etc. “Uma
experiência cristã madura impõe o enfrentamento da realidade e sua
transformação para que todos tenham vida em plenitude. O Papa Francisco lembra
a importância da participação política dos cristãos e sua responsabilidade na
difícil, porém necessária, construção de uma sociedade mais justa: ‘devemos
envolver-nos na política, pois a política é uma das formas mais altas da
caridade, porque busca o bem comum’. Segundo o Papa, se a política se tornou
uma coisa ‘suja’, isso se deve também ao fato de que ‘os cristãos se envolveram
na política sem espírito evangélico’. É preciso que o cristão deixe de colocar
em outras pessoas a responsabilidade pela situação atual da sociedade e que
cada um passe a perguntar a si mesmo o que pode fazer para tornar concreta a
mudança que se deseja.” (Desafios diante das Eleições 2014, CNBB, p.12).
Neste
processo de defesa da vida, a Igreja sempre acreditou na importância da
participação dos próprios jovens em vista de seus direitos. Desde a
adolescência é importante auxiliá-los na percepção dos problemas
sócio-econômico-culturais, na sensibilidade diante do sofrimento do próximo, no
amadurecimento do exercício de sua cidadania. Um dos preciosos contributos para
a capacitação dos jovens se encontra nas oportunidades oferecidas pela paróquia
em vista do desenvolvimento de suas habilidades de líder e do exercício do
protagonismo para o bem comum. “A Igreja
deposita confiança na força transformadora que brota dos jovens. Nesse sentido,
insiste para que se abram a eles ‘canais de participação e envolvimento nas
decisões, que possibilitem uma experiência autêntica de corresponsabilidade, de
diálogo, de escuta e o envolvimento no processo de renovação contínua da
Igreja. Trata-se de valorizar a participação dos jovens nos conselhos, reuniões
de grupos, assembleias, equipes, nos processos de avaliação e planejamento’.
Essa pedagogia do engajamento na comunidade deve, por sua vez, motivar um
envolvimento real dos jovens na construção de uma sociedade mais justa,
impulsionando-os a uma participação mais efetiva nas decisões políticas”
(Desafios diante das Eleições 2014, CNBB, p.15).
Os
jovens têm “direito à vida” e nós, adultos, somos chamados a ajudá-los em suas
conquistas. Em âmbito paroquial podemos fazer muito mais do que já estamos
fazendo para a capacitação destes jovens cidadãos cristãos. Eis algumas
sugestões que poderiam fazer a diferença:
1)
organizar anualmente, com as várias forças paroquiais, atividades de
conscientização e combate firme às drogas ilícitas;
2)
conhecer e divulgar o trabalho precioso das Comunidades Terapêuticas locais, da
Pastoral da Sobriedade e das outras iniciativas em vista da recuperação dos
adolescentes e dos jovens alcoólatras;
3)
inteirar-se da Campanha nacional, encabeçada pelas Pastorais da Juventude,
contra a violência aos jovens;
4)
ousar um projeto arrojado, com as várias forças locais, em vista da defesa da instituição
familiar, como primeiro espaço de direito à vida;
5) proporcionar ao jovem um adequado conhecimento da Doutrina Social da Igreja, com estudos
sistemáticos e elaboração de projetos por ele inspirados, para suscitar
encantamento pelo bem comum e fomentar a militância dos jovens na sociedade;
6)
averiguar, principalmente na catequese e nos espaços juvenis paroquiais, a frequência e a
qualidade dos debates sobre temas que violentam cotidianamente a vida dos
jovens: drogas, redução da maioridade penal, violência juvenil, desestruturação
familiar, destruição da natureza, desemprego, aborto, condicionamentos
midiáticos, vivência inadequada da sexualidade, etc.
7)
coletar assinaturas dos jovens para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de
Reforma Política Democrática, cuja elaboração contou com a significativa
participação da CNBB;
8)
incentivar os jovens a descobrirem e organizarem novas formas de defesa da vida
e combate aos contra valores culturais, por meio das redes sociais, da arte, da
música, do teatro, da dança e de outras expressões da cultura juvenil,
encontros que despertem suas lideranças para a defesa da vida;
9)
incentivar os jovens mais adultos da paróquia a se engajarem nos espaços
públicos de decisão, principalmente no Conselho Municipal da Juventude;
10)
sensibilizar os paroquianos adultos para uma maior participação no poder
público em vista da efetivação de mais projetos e leis a favor da vida dos
jovens e da instituição familiar.
O
empenho por uma sociedade mais justa e solidária é um dos passos mais
importantes para a instauração do Reino de Deus, mas não basta. A Igreja tem
plena consciência de seu permanente papel de anunciar e mostrar ao povo o único
“caminho, verdade e vida” – Jesus Cristo – sem o qual todas as nossas lutas
sempre carecerão de sustento consistente e de sentido profundo da existência
humana. Ao anunciar a origem e a finalidade da vida, ao celebrar a relação
amorosa da criatura com o Criador e ao se empenhar pela caridade evangélica que
transforma desde dentro as pessoas, estaremos prestando o mais nobre serviço de
defesa da vida e dos valores que a dignificam.
Inclinemo-nos
diante de Maria, a filha predileta de Deus, que deu sentido à própria vida
entregando-se por inteira ao projeto do Pai. Acolhamos suas inúmeras
intercessões e seu modelo de discípula missionária em nossas buscas de
fidelidade na vocação de servir à vida.
Com
estima,
Dom
Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
Fonte: Jovens Conectados
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