Jovens emocionam com encenação do “Trânsito de São Francisco”


Moacir Beggo - ww.franciscanos.org.br
São Paulo (SP) – Os jovens da Jufra das Chagas e da Paróquia São Francisco da Vila Clementino se uniram para garantir um dos momentos mais emocionantes da Festa de São Francisco de Assis, ao encenarem a morte deste santo na noite do dia 3 de outubro na Paróquia da Vila Clementino, em São Paulo.
A celebração na também sede da Província da Imaculada Conceição foi presidida pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e concelebrada pelo pároco Frei Djalmo Fuck, o guardião da Fraternidade Frei Raimundo de Oliveira Castro e os frades das três fraternidades de São Paulo (Vila Clementino, Convento São Francisco e Pari).
A liturgia da Palavra foi substituída pela encenação do Trânsito de São Francisco, ou seja, a passagem para a nova vida. Com as luzes apagadas, o grupo de jovens veio do fundo da igreja carregando o santo já agonizante, enquanto comentarista explicava que era 3 de outubro de 1226 e o cortejo caminhava para a Porciúncula. Sentindo-se agonizar, Francisco havia pedido para que o levassem ao lugar sagrado onde teve início a Ordem Franciscana e onde estavam seus confrades. Francisco foi colocado numa padiola e o cortejo deixou Assis pela estrada que levava ao vale de Santa Maria dos Anjos.
Em São Paulo, os jovens colocam o corpo de Francisco numa padiola carregando-o até o presbitério, em frente à belíssima imagem de São Francisco no altar-mor. Com a igreja em silêncio, eles recordam os últimos momentos de Francisco na terra. “Por que deixar o palácio episcopal? Certamente havia mais conforto ali. Por que Francisco queria voltar à Porciúncula?”, perguntou Frei Fidêncio em sua homilia.
Segundo o Ministro Provincial, na Porciúncula ele começou a restaurar a Igreja da Senhor, mas foi particularmente nesta igrejinha que ele teve clareza da sua vocação, pois ali ouviu o Evangelho do envio missionário e disse: ‘É isso que eu procuro; é isso que eu desejo fazer de todo o coração’.
“Em torno da Porciúncula, Francisco passa a condividir a sua vocação com os primeiros irmãos que foram chegando até ele. Na Porciúncula, também Clara de Assis fez a sua consagração ao Senhor. Então, a Porciúncula tornou-se, ao longo da história franciscana, um ponto de chegada e um ponto de partida”, acrescenta Frei Fidêncio, lembrando que ali aconteceram os grandes capítulos da Ordem, as reuniões e as grandes decisões.
O comentarista lembra que o cortejo para e Francisco olha e abençoa a cidade pela última vez. “Não é apenas um olhar saudosista, mas naquele momento da morte, ele olha para a história de sua vida. Faz uma síntese profunda e espiritual de tudo aquilo que a história de Assis representou para ele, Francisco de Assis”, acrescentou o Ministro Provincial. “Enfim, rompemos com este mundo para passar a viver uma nova história, uma nova vida”, explicou.
Antes de morrer, Francisco ditou seu Testamento espiritual e, como mostraram os jovens da Jufra, pediu para trazer o pão. Abençoou-o, partiu-o e deu um pedacinho para cada um comer. Pediu que lessem o Evangelho de São João. Frei Fidêncio frisou que Francisco viveu momentos de profunda intensidade com a fraternidade primitiva um pouco antes de morrer. “Assim como ele um dia escutou na Porciúncula o envio missionário, ele vai querer escutar o Evangelho de São João que fala exatamente do exercício do lavapés. Coloca seus discípulos no contexto da última ceia. Da aliança que Jesus celebrou com seus discípulos, Francisco também quer celebrar esse mesmo memorial com seus irmãos, com seus confrades”, esclareceu o Ministro Provincial.
Sobre o simbolismo da partilha do pão, Frei Fidêncio lembrou: “Quantas vezes tiveram de multiplicar um pedaço de pão para comer! Quantas vezes Francisco disse: vamos trabalhar para merecer esse pão! Trabalhar é uma graça. Não devemos ser onerosos para ninguém. Por isso, Francisco não queria que tivesse frade irmão mosca, que não lutasse, que não trabalhasse”, observou, frisando ainda que ao partilhar o pão, ele também recordou o pão vivo de Cristo, que na última ceia disse: ‘Tomai e comei, este é o meu corpo’.”
Segundo Frei Fidêncio, muito se poderia falar sobre todo esse simbolismo que cerca a vida de São Francisco. E concluiu: “Quem vê ele assim, queridos irmãos e irmãs, com tanta intesidade na sua vida, só pode dizer: bem-vinda seja a irmã morte!”.
Os jovens voltam com o corpo de Francisco e param diante de São Damião para o último adeus às suas prediletas filhas. No final, o pároco Frei Djalmo apresentou e agradeceu os jovens que fizeram a singela e piedosa encenação.

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